“lavas-te” vs. “lavaste”
É frequente encontrar no português escrito uma certa confusão entre as formas verbais do tipo “lavas-te” e “lavaste”. Estas são, no entanto, duas formas distintas e com delimitações claras dos seus contextos de aplicação.
- “lavas-te” é a uma forma do verbo “lavar”, nomeadamente a segunda pessoa do singular do presente do indicativo; “te”, separado do verbo através de hífen, é um pronome pessoal clítico que, protopicamente, desempenha a função sintáctica de complemento directo (também chamado “objective”) nos verbos transitivos.
- “lavaste”corresponde à segunda pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo do verbo “lavar”. “te” faz parte da desinência da segunda pessoa do singular do pretérito perfeito (-ste), ou seja, é parte integrante da forma verbal e não pode ser separado da mesma.
Estratégia para distinguir as duas formas: Acentuação
- “lavas-te”: o acento recai na antepenúltima sílaba (lá-)
Se o acento recai na antepenúltima sílaba (“lavas-te” = “lávas-te”), estamos perante a forma verbal do presente do indicativo, logo “te”, não sendo parte integrante do verbo, deve ser separado do mesmo através de hífen. - “lavaste”: o acento recai na penúltima sílaba (-vás-)
Se o acento recai na penúltima sílaba (“lavaste” = “laváste”), estamos perante o pretérito perfeito do indicativo, logo “te” não se separa do verbo.
Mais exemplos:
“pássas-te” vs. “passáste”; “identifícas-te” vs. “identificáste”
A mesma estratégia pode ser utilizada para distinguir formas do presente com pronome reflexo “se” (“fala-se”) de formas do pretérito imperfeito do conjuntivo (“falasse”). Tal como vimos nos exemplos anteriores, na forma com hífen (presente do indicativo com pronome reflexo “se”) o acento recai na antepenúltima sílaba (“fala-se” = “fála-se”); a forma sem hífen (primeira ou terceira pessoa do pretérito imperfeito do conjuntivo) é acentuada na penúltima sílaba (“falasse” = “falásse”).
Mais exemplos:
“láva-se” vs. “lavásse”; “pássa-se” vs. “passásse”
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