Linguagem dos Jovens / Chatês: Consequências
Partido dos temas discutidos nos posts anteriores e se lhes acrescentarmos a produção de SMS como forma de comunicação, uma questão se impõe: que consequências poderão ter estas linguagens ou formas de comunicação na utilização da língua padrão? Provocarão um agravamento das capacidades de escrita ou até mesmo a decadência da cultura linguística como afirmam alguns puristas?
No Brasil foi elaborado um estudo para tentar responder a esta questão. No grupo de jovens testado constatou-se que os problemas na escrita não estavam relacionados com a utilização da linguagem dos jovens e do chatês mas sim com um método de ensino anti-autoritário utilizado nos anos 8O do sec. XX. A ideia central deste método era evitar a correcção dos erros nos textos dos alunos com o objectivo de não travar a criatividade na escrita. Além disso, verificou-se também que com o avançar da idade e a mudança a nível sócio-económico os jovens vão adaptando continuamente a sua linguagem à língua padrão, afastando-se cada vez mais da linguagem dos jovens.
O importante será primeiro consciencializar os alunos para o facto de que o chatês, o “smsês” e a linguagem dos jovens são variedades da língua com contextos de aplicação próprios, regidos pelas respectivas “regras”, e não adoptar uma atitude negativa perante as variedades em causa; segundo, saber distinguir os contextos em que se pode e deve usar uma determinada variedade ou a língua padrão – isso o grupo de alunos testado provou ser capaz.
Texto de Regina Danner (Protocolo do seminário "Português Falado", do dia 30.01.06. Para mais informações consultar seminário - 30.01.06 em portuguesfalado.com.sapo.pt)
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